sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Porque zebras não têm úlceras...

Vencendo a PRÉ-OCUPAÇÃO


Porque zebras não tem úlceras, É O TÍTULO do livro de Robert Sapolsky, Professor de Neurologia da Universidade de Stanford. Achei sensacional!!
As teorias de Sapolsky surgiram de suas longas observações sobre os efeitos do stress em primatas das planícies do Seringeti, na África. Ele notou que as zebras, na presença de um esfaimado leão, que então pula sobre elas, esgarçando o estômago duma delas; essa ou morre ou escapa rapidamente, mas segundos depois, fora da distância de ataque, se escapou, estará pastando tranquilamente. Voltou, diz Sapolsky, ao seu equilíbrio homeostático.
O Executivo profissional – especialmente o inexperiente – que levou uma bronca pesada de seu chefe – o leão – tem duas diferenças essenciais em relação à zebra: primeiro, ele se apavora e continua apavorado por um bom tempo; não irá dormir direito, terá pesadelos com o chefe lhe agredindo, poderá gerar um sentimento de revolta, enfim, se não conseguir reagir, acabará com uma bela gastrite, que eventualmente evoluirá para uma úlcera.
A segunda diferença básica entre o Executivo e a zebra é que ele – ou melhor, eles – ou ainda melhor, nós humanos – nos estressamos por antecedência, apenas pelo desenvolvimento de uma cadeia de pensamentos que acabam lhe criando – ou melhor, nos criando – um temor potencial, às vezes mesmo um pavor – cadeia esta que não aconteceu, mas que já o – nos – oprime e angustia por dentro. Jamais isso irá acontecer com a zebra, pois para ela ou há um leão ou não há perigo e é ora de curtir a vida.
Os estudos do stress humano começaram com o médico húngaro Hans Seye, que publicou duas idéias do que chamou de “General Adaptation Syndrome” ou GAS em 1936. Então define “stress”como o processo através do qual o corpo é ameaçado por agentes nocivos e cria uma reação. Esta, por sua vez tem três estágios crescentes: 1, a reação de alarme, na qual o corpo se prepara para ou brigar ou escapar; 2, a criação de um mecanismo de adaptação (se sobreviver do estágio 1); 3, a fase da exaustão, especialmente se o stress é prolongado.
O Executivo não possui o mecanismo da zebra que elimina o stress sem deixar resíduo e então resta a ele entender o processo de stress e, por treinamento, dominá-lo, de modo a minimizar os seus lados negativos. O problema do stress, ensina o professor estudioso das zebras, é quando ele se torna crônico, prolongado, afetando o modo de pensar. Nestas circunstâncias, as células celebrais são afetadas e não se regeneram como deviam; a memória começa a falhar. Curiosamente, Sapolsky enfatiza os danos potenciais do stress para as crianças, que se continuados, prejudicarão seu desenvolvimento. Para os adultos, o professor recomenda a existência de amigos, de ombros nos quais possamos (às vezes) encostar nossa cabeça e sermos reconfortados. Isso ajuda afastar os fantasmas…

Fonte: http://www.efc.com.br/editoriais/AssuntosGerais/EDFEV202009.htm